quarta-feira, 24 de julho de 2019

Quase

Quase


Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. 

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. 

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
Sarah Westphal

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Permita-se

Permita-se ser quem você realmente é.
Permita-se ser fraca quando se sentir fraca.
Permita-se sentir a dor que você guarda ou esconde dentro de você.
Permita-se chorar...
Permita-se também ser forte quando se sentir forte.
Permita-se ser feliz e aproveite cada segundo.
Vivemos em uma época onde não se pode chorar, não se pode se sentir triste ou solitário, vivemos em uma época em que riqueza é sinônimo de felicidade, mas não se pode comprar sentimentos.
Não somos super heróis, não vivemos em contos de fadas onde tudo termina com um final feliz.
As vezes perdemos, caímos e sofremos, isso faz parte do aprendizado, como uma criança que está descobrindo o mundo, onde tudo é novo, ela tenta andar mas para ela parece ser tão difícil, ela cai, tenta de novo e cai, e a cada queda ela chora, talvez até grite, talvez fique irritada ou triste, mas ela não desiste, e mesmo com os joelhos ralados ela se levanta e tenta de novo, e de novo, e de novo, até que um dia ela consegue, e aprende a andar. 
Seja como uma criança e não desista, mesmo que esteja difícil, mesmo que esteja doendo, mesmo que sangre, não desista. 
Mas permita-se sentir o momento, seja ele de tristeza ou de alegria.

Precisamos nos respeitar, não guardando tão fundo o que sentimos, precisamos colocar para fora, a ciência diz que o  stress pode causar vários danos a nossa saúde e que pode até nos matar.
O que é o stress?
Nos estressamos com coisas que provocam um excesso de sentimentos, onde você fica chateado com algo ou alguém e não pode falar como se sente, onde você sofre pressões psicológicas e você tem que tentar engolir tudo aquilo que sente e fazer o que se pede no momento, o corpo recebe aquela enxurrada de sentimentos, emoções, e de alguma forma ele vai descarregar, tudo aquilo que você sente, seja aumentando sua pressão ou em forma de uma dor de cabeça muito forte, ou mesmo um ataque de nervos, uma coisa é certa, seu corpo precisa colocar isso para fora e você querendo ou não ele vai descarregar tudo isso, causando danos no seu corpo ou na sua mente.
Chorar não nos torna fracos.
Mas nos mostra que somo humanos e que sentimos dor, seja a nossa ou de nosso próximo.
Sentir-se triste não te faz diferente, pelo contrario te faz igual a todos a unica diferença é que você está realmente sendo você e se permitindo sentir suas emoções, sentir suas dores sem precisar se esconder por trás de um sorriso falso.
Costumo dizer que a dor ou a tristeza nos tornam mais sensíveis, nos fazem ser mais humanos pois são nesses momentos em que nos permitimos sentir a nossa dor ou a dos outros, que nos tornamos sensíveis mostrando compaixão, brandura, sensibilidade e amor.
Não sei se você já percebeu que as melhores musicas ou os melhores escritores são os que colocam os seus sentimentos em seus trabalhos, seja uma musica ou um livro conseguimos sentir a emoção do autor e sua verdadeira essência, isso os tornam únicos, é um diferencial, e  não importa o quanto o tempo passe eles serão sempre lembrados.
Então permita-se ser o autor da sua própria história e a escreva com todo amor e verdade, permitindo-se ser quem você realmente é.


Autora: Jaqueline De Lima

terça-feira, 2 de julho de 2019

RIFA-SE UM CORAÇÃO

Ricardo Labatt


Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. 
Um coração como poucos. Um coração à moda antiga. Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário. 
Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões. 
Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas. 
Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu… 
“…não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero…”. 
Um idealista…Um verdadeiro sonhador…
Rifa-se um coração que nunca aprende. Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural. 
Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras. 
Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. 
Esse coração que erra, briga, se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões. 
Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos. 
Este coração tantas vezes incompreendido. Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional que abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto. 
Um coração para ser alugado, ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes. 
Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente, contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções. 
Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário. Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas: “O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer”
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo. 
Um órgão mais fiel ao seu usuário. Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga. 
Um coração que não seja tão inconseqüente. Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado. Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo. 
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree. Um simples coração humano. Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado. Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina. Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e a ter a petulância de se aventurar como poeta…

Ricardo Labatt